sábado, 11 de junho de 2016

NIHIL OBSTAT: SERVO DE DEUS PADRE QUINHA

Somente estive com padre Quinha uma única vez, quando ele era pároco da Igreja de Nossa Senhora do Amor Divino, em Corrêas. Todavia, foi o suficiente para reconhecer nele um legítimo sacerdote de Cristo. Um sacerdote que agia in persona Christi. Em meu livro STELLA, PALMAS PARA ELA, prestei, in memoriam, uma singela homenagem a este sacerdote que dedicou sua vida e apostolado ao amparo dos desvalidos. Há, no hinário da nossa Madre Igreja, um cântico, bem antigo, extraído das palavras de Jesus Cristo, que traz no refrão: "Prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão!". Tenho tido oportunidade de ouvir belíssimos testemunhos acerca da vida e do apostolado do padre Quinha, por intermédio do Prof. Ataualpa Filho. Este pedagogo é uma viva testemunha ocular e auditiva das inúmeras benéfices praticadas por padre Quinha. Para mim, como homem portador do Sacramento da Ordem, a vida e a obra de padre Quinha são sinais nítidos da presença de Deus Pai, que edificam e enriquecem a missionariedade da nossa Madre Igreja. O exemplo sacerdotal deixado pelo dileto padre Quinha deveria se tornar uma regra. Porque são raros, raríssimos, os presbíteros que fazem do seu apostolado uma oblação em favor daqueles que estão vivendo na miserabilidade extrema. Muitos são os padres que, erroneamente, pensam que ser clérigo é unicamente proferir uma bela homilia dominical. Não, não é suficiente. Uma bela preleção dominical é necessária, entretanto, não é o suficiente para validar uma autêntica vocação de um sacerdote de Cristo. A teologia vai muito além de belas palavras proferidas em uma homilia dominical. Mais do que as palavras, a teologia é um estado contínuo de prática que possa oferecer aos pobres e oprimidos a certeza que Deus Pai não faz acepção de pessoas (Cf. ATOS 10:34). São Tiago escreveu que fé sem obras é em vão (Cf. TIAGO 2:26). Deveras, nada, absolutamente nada nos deixa tão próximos do coração paternal de Deus Pai do que quando oferecemos comida aos famintos, abrigo aos desabrigados, roupa aos desnudos, visita aos doentes, amparo aos órfãos, assistência aos presos. Jesus Cristo deixou-nos este precioso ensinamento (Cf. Mateus 25:36). Padre Quinha foi um sacerdote que serviu em vida não somente à Igreja-Templo. Ele foi muito mais além. Ele serviu, em especial, aos infortunados, aos rejeitados e aos incriminados. Ele optou em enxergar Cristo Jesus naqueles que estavam nas ruas, sem nenhuma expectativa de vida e, sem pestanejar, acolheu quem precisava de acolhimento. Foi servo, com sua peculiar mansidão, dos excluídos da sociedade. Ele fez do seu sacerdócio uma oblação tal qual a descrita no Evangelho (Cf. Marcos 2:17). E por padre Quinha ter sido, em vida, uma personificação de amor ao próximo dentro de uma retidão de pensamentos, atos, palavras e ações, creio, piamente, que não há nihil obstat que possa impedir o preparo de um dossiê para ser entregue à Congregação para a Causa dos Santos. E esta, certamente, após os trâmites legais, não refutará de conceder o título de Servo de Deus ao padre Quinha, que tanto bem fez aos desvalidos de Petrópolis. (Todos direitos reservados deste texto a Antônio Menrod. Este material não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização)