domingo, 27 de janeiro de 2008

CONTO - EJACULAÇÃO PRECOCE

Eu sei, que o combinado foi que eu postasse, intercaladamente, uma poesia e um conto aos domingos, entretanto, em razão de eu ter postado uma poesia no dia 25, reservo-me ao direito de publicar hoje um conto. Este conto foi escrito em 1999.


EJACULAÇÃO PRECOCE


Fiquei muito emocionado quando a Mila, minha esposa, disse-me que iria trabalhar. Que até já havia conseguido emprego em Juiz de Fora. Não sei o que a fez ter esta súbita vontade de trabalhar, a Mila nunca fez nada além do trivial de uma dona de casa e ser mãe de dois filhos pequenos. O que ela gosta mesmo é de assistir novela mexicana no SBT.
Mas, devo admitir que a entrada de mais dinheiro na nossa casa seria uma mão na roda, pois o dinheiro tão minguado que recebo da aposentadoria, por invalidez, não tem dando pra suprir as nossas necessidades. Ter filhos pequenos para alimentar não há dinheiro que chegue.
A Mila é uma negra quente, e bota quentura nisso! Na cama faz barba e bigode. Dona de uma xoxota de dar água na boca, por muitas vezes caí de boca até vê-la revirar os olhos. Mila sabe do tesão incontrolável que tenho pelo corpo dela. Acredito até que o problema incurável da minha coluna foi ocasionado pela prática excessiva de sexo. Mila adora inventar posições sexuais, arco e flecha, é a sua preferida.
O emprego que Mila arranjou em Juiz de Fora era uma moleza de dar inveja a qualquer um. Trabalhava de segunda a sexta, dormia e comia na casa dos patrões e tinha como obrigações, além de ser dama de companhia de uma velha de 86 anos: dar banho, comida na boca, trocar as fraldas geriátricas, ficar 24 horas à disposição da anciã. Por este serviço, ela recebia a bolada de R$ 1.800,00 por semana. Mais do que eu ganho por mês.
Com duas semanas de serviço, Mila comprou muitas roupas e sapatos, disse que na casa onde ela trabalhava os patrões exigiam que ela andasse sempre nos trinques.
Na nossa casa nunca houve tanta fartura depois que Mila arrumou emprego. Maria Luiza e João Luiz, nossos filhos, ganharam peso graças à fartura proporcionada pela Mila. Abençoado seja o emprego da Mila.
Seis meses haviam se passado desde que Mila estava trabalhando em Juiz de Fora. Uma sexta-feira, Mila chegou em casa por volta de meia-noite, com nada menos que um caro zerinho quilômetro. Ela ultimamente estava nos fazendo surpresa, e quantas surpresas!
Surpresa mesmo, foi quando recebi a visita, bem cedo, da minha irmã, com quem não falava por mais de 5 anos. Mal entrou na minha casa, ela só entrou porque Mila já havia saído para ir ao supermercado, e não demorou muito para começar a destilar seu veneno.

___ Meu filho Edgar, seu sobrinho, foi em um lugar desses que mulher vende o corpo e deu de cara com a Mila. Agora tá explicado de onde vem a dinheirama que tá sustentando essa luxúria que vocês estão ostentando. Sua mulher é puta, ela ganha dinheiro abrindo as pernas pros homens. Edgar me disse que Mila é a mais procurada.

___ Saia da minha casa sua invejosa, lave a boca pra falar da minha esposa.

___ Nem casado você é com ela, pra falar “minha esposa”...

___... Eu disse, fora da minha casa. Você é digna de pena, minha irmã. A inveja vai lhe levar ao inferno.

Nunca revelei a Mila o que minha irmã me contou, porque, para mim, corno mesmo é aquele que flagra sua mulher com outro homem. Eu nunca vi Mila com outro homem, portanto nunca a flagrei. Ela continua trabalhando na casa da mesma família tomando conta da anciã. Eu confio de olhos fechados na Mila. E eu tenho plena convicção de que Mila me ama, senão ela não estaria comigo, ela só me dar prazer, nunca a fiz gozar, sofro de ejaculação precoce. Somente quem ama verdadeiramente abre mão do gozo.